Uma série de oficinas foi pensada e realizada com a ajuda do JA.CA e outros parceiros. A partir delas, buscou-se refletir sobre "como as crianças experienciam a cidade e o espaço público, como se dão as apropriações e vivências cotidianas das crianças, como mapeiam, demarcam, constroem e desconstroem seus territórios, quais espaços habitam, quais as suas persistências e expectativas e se os espaços urbanos são capazes de materializar ludicidades" (Giselle Arteiro).
A pesquisa-projeto, portanto, tem como eixo principal o estabelecimento de diálogos entre arquitetura, cidade e infâncias trabalhando com a ideia de “Territórios Educativos”.
Estamos usando a definição de "territórios educativos" proposta pela professora e pesquisadora Giselle Arteiro Nielsen Azevedo, entende-se os trajetos percorridos pelas crianças, seja nos espaços públicos livres, ou dentro de instituições, como a escola. Estes espaços constituem um grupo de territórios abertos à possibilidade de serem apropriados e ressignificados por parte de quem vive neles, nesse caso as crianças.
O projeto foi realizado a partir da perspectiva de inclusão e convite à participação das crianças do bairro Jardim Canadá. A proposta de desenho participativo buscada, pretende apresentar as vontades e desejo das crianças do bairro em relação às suas demandas e percepções sobre o espaço público e livre.
A ideia, portanto, é direcionar o olhar e enxergar as crianças como co-autoras e co-construtoras dos territórios em que elas habitam, transitam e produzem. Dessa forma, colocamos à luz sujeitos que geralmente são excluídos dos processos de construção de mundo e entendemos as crianças como sujeito de direitos à cidade, a partir de suas experiências espaciais e seu habitar no espaço público. É objetivo desta pesquisa-projeto valorizar os processos de concepção em arquitetura e urbanismo, sobretudo o desenho urbano, compartilhados e feitos a várias mãos. Sendo assim, propõe-se pensar a cidade como um “habitar lúdico”.
[...] a cidade deverá assumir a responsabilidade de acolher as crianças, [...] e agir de modo que possam viver as próprias experiências em ambientes comum a todos, junto a nós, observando-nos, espiando-nos, imitando-nos, importunando-nos e, de qualquer modo, reeducando-nos". (Tonucci. 2015, p. 2)
Enquanto um trabalho de conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMG, o projeto propõe a atuação do arquiteto-urbanista como um mediador, ou facilitador, para organização das ideias e desejos das crianças do bairro através do compartilhamento de experiências e conhecimentos, fornecendo ferramentas necessárias para que esses sujeitos sejam protagonistas de seus espaços de vida.
Projetar com crianças significa deixar espaço para o sensível, para a delicadeza e sutileza dos detalhes, resgatando as experiências da infância no espaço público e na cidade, tecendo o bairro como uma rede de possibilidades educativas, valorizando o inacabável e o imprevisível.